sexta-feira, novembro 24, 2006

Ilha da Magia

Moro na lagoa da Conceição.

Lugar bonito, mil belezas por metro quadrado. A cada passo dado uma promessa de Afrodite, um olhar de Cupido.

Nesse sábado ensolarado pedalei, como sempre, o circuito Centrinho, Morro da Lagoa, Mole, Joaca, Barra, indo e voltando, apreciando a paisagem, conversando com os já conhecidos, alguns até íntimos amigos, moradores antigos do lugar.

Respiro fundo e fecho os olhos enquanto deitado na praia sinto o sol forte queimar meu rosto e o vento sussurrar encantos.

Surfistas ao longe, homens e mulheres, pontilhando de negro o mar revolto, verde-esmeralda, um misto de downhill, cavalgada e sexo.

Vontade de tudo isso, de uma só vez, em um momento eterno.

Ao meu redor, dezenas de corpos reluzem dourados, um pouco do sol, do céu, na terra.

Hora de partir. Sou um errante na ilha. Procuro meu lugar aqui mas estranhamente, durante a busca, sinto cada vez mais intensamente que eu sou a ilha e que a ilha sou eu.

Todo lugar que vou é o lugar que devo estar.

A noite se aproxima, os parapentes ao longe parecem flutuar, imóveis no ar. Um grande círculo avermelhado, imponente, mergulha por detrás dosmorros já escurecendo o Canto dos Araçás.

Desço o morro da Mole em direção às Rendeiras. Descida forte. 66Km, 75Km, 77Km....subida...50, 40, 32...descida....60. Coração bombando nas veias, pulmões queimando, adrenalina. Na minha cabeça é como se fosse uma fuga do paraíso. Correr, muito, muito, pois a vontade de ficar é grande, quase física.

Posso quase ouvir alguém me chamando de volta.

Nas Rendeiras, uma linha de 2Km de carros se arrasta na minha frente.

Procissão silenciosa testemunhada pela placidez da Lagoa da Conceição ao lado.

Barquinhos sonolentos ao largo. Pessoas correndo na calçada. Um cachorrinho tentando atravessar. Gaivotas sobrevoando, magníficas em seu ambiente natural.

Pedalo o mais forte possível. Aumento o som no meu headphone. Angie, dosRolling Stones. Senti vontade de chorar enquanto rumava para o Centrinho.

Saudades dos meus parceiros de pedal, das minhas amigas de coração. O Paraíso só é completo quando partilhado com aqueles que se gosta.

Eu escrevo para partilhar o momento enquanto espero um reencontro e a comunhão da magia com a amizade e o amor.

Parei no Café da Lagoa, Eron, Marcos, Kellly e Mari, já são velhos conhecidos.

Cumprimentos, um suco de manga bom demais. Abraço Mari e confirmo a segunda pro sand-board. Mari mora na Joaca e vai me ensinar a descer as dunas e chamar o resgate se precisar
:-D .

Galera desce a mais de 70Km as dunas. Eu vou cair antes, é claro.

Paro na academia. Acordei pilhado hoje. Já estou a 30 horas sem dormir, mas preciso de um pouco mais de esforço. Purificação, redenção, penitência, não sei.

Cali e Patrícia sorridentes me recebem. Vanessa, ao longe, acena. Faço uma das horas de academia mais cansativas da minha vida. Carregar o peso do mundo. Algo assim.

Vou pra casa cansado, muito cansado. Banho.

Jantar com os amigos em outro lugar de gente boa, o Del Tomati. Comida excelente. Qualquer coisa, massas, carnes. Ultimamente eu prefiro as sopas. Não consigo comer a quantidade toda que vem nos pratos.

Ângela, uma menina ex-aeromoça da Varig não está mais lá. Que pena. Conversávamos o tempo todo. Simpática, culta e linda. Inglês perfeito. Adora cinema e poesia. Maravilhosa.

Sempre um sorriso no rosto. Um jeito de andar cativante. Quando parada, olhando nos olhos e sorrindo enquanto falava era quase hipnótico. Muitas vezes fiquei sem saber o que ela dizia fascinado que estava com aquele rosto.

Jantar com os amigos, especialmente amigos bem humorados e de coração imenso foi especial. Um dia inesquecível.

Às 23hs eu e um brother, carioca em tudo aquilo que os cariocas tem de melhor, atravessamos a rua para ouvir uma galera que manda muito no som.

Nessa noite, no barzinho Primeiro Tempo, uma garota contralto, não sei o nome, mas velha conhecida, ladeada por um baixista de primeira linha fez a festa pra nós. De longe éramos os mais animados do lugar. A afinação de nossas vozes era parecida com a de um sapo sendo pisado, mas as letras estavam todas no sangue.

E o que importava era o sentimento. Isso nós temos bastante.

Outro dia talvez eu conte alguma coisa dessa noite, outro dia.

Antes de irmos os músicos perguntaram nossos nomes e nos dedicaram uma música, a menina mandou Cazuza, "exagerado, jogado as seus pés...", a voz dela é de arrepiar. O clima se tornou romântico, outras músicas vieram.

Quem sabe se não volto lá novamente e ouça um pouco mais de perto o som daquela voz?

Mas ao final daquele dia regado a muito pedal, praia, sol, vinho, amor e boa companhia, eu precisava chegar em casa rapidinho, estava apagando, tremulando como um lampião em meio a um vendaval.

Dormir.

Foi Bom demais.

Abraços,

Ricardo "Curupas"

1 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Eh my brother...Encantadora mesmo essa Ilha não é?
Muito obrigada pelos passeios, conversas, cia, presteza...Ixi, um infinidade de obrigadas!!!
E se essa ilha tem magia mexxmo, aquelas de bruxa mestra, eu fico, n so pela magia, mas meu coração tb pede. Pede sossego e natureza...
Vamos torcer!
Parabéns pelo blog!
Adorei saber q eu n fui a única q deixou matinhos no prato.
Ah, viva os pecados, os loucos e os amores...
Viva o poder da insanidade e do bem querer, né meu Brother?
Valeu por tudo Curupas!!!
bjos

9:29 AM  

Postar um comentário

<< Home